Quarta-feira, 8 de Abril de 2009

Sobre os (de)feitios

Como qualquer ser humano que se preze, considero ter algumas virtudes e muito poucos defeitos que, bem vistas as coisas, até nem são bem defeitos, entram naquela zona que popularmente se intitula de "é feitio"

- fulano-de-tal é uma real besta

- ah, não é defeito, "é feitio"

 

Um aparte: já repararam que, quando se pergunta a uma qualquer "vedeta" de televisão qual é o seu maior defeito, a grande maioria responde com o politicamente correcto: "sou muito teimosa". Ora porra, teimosos somos todos! Não somos? Somos, somos!

 

Mas, para facilitar a compreensão do leitor, a essas carinhosas arestas não limadas da personalidade, a essas pequenas manchas de verdete nesta estátua apolínea que é a minha personalidade, a esses traços, vou chamá-los de "defeitos".

 

Ora, um dos meus defeitinhos é a minha distracção. Passo a explicar:

 

Levanto-me, desligo despertador, tomo banho, visto, saio de casa para o carro, 2 passos, do carro para o café, 5 passos para lá e para cá, do carro para o escritório, 10 passos.

Por volta das 10, 11 horas, apercebi-me que não tinha o telemóvel comigo. Nem estava no escritório, nem no carro. Procurei, liguei-lhe, mas nada. E chamava, o sacana.

Ao almoço, passei pelo café e perguntei se, por acaso, teria lá deixado a porra do telefone. A senhora disse-me que não, e que quando eu lá fui, o café até estava vazio e que se eu tivesse lá deixado, nós tínhamo-nos apercebido logo, pois foi, mas não o encontro, é uma maçada (eu empreguei mesmo o termo "maçada"), tenho lá os números todos, veja lá se não o deixou em casa, pois obrigado e lá segui para casa. Procurei por toda a casa, refiz o percurso desde a ala este, onde durmo, até ao lavatoire mais perto do jardim, porque nesta altura vejo sempre os pavões a pavonearem-se ao pé do Labrador. nada. ainda por cima, não sei porquê, tinha o telemóvel em modo de "Reunião", aquele que só faz bip.

Voltei para o trabalho, realmente chateado. Detesto perder coisas, mas perder o telemóvel só me tinha acontecido uma vez (as outras todas tinha-o encontrado e, curiosamente,  onde o tinha deixado da última vez.) Estava irritado e pronto. Quando saí, voltei ao café, a mesma conversa, ninguém o encontrou caído no chão e o devolveu, olhe desculpe e até amanhã, até amanhã,

Refiz o percurso casa-carro, revirei o carro todo (aproveitando para encher um saco do Intermarché de merdas! que estavam por lá), pergntei ao sr da loja dos electrodomésticos, que tinha o carro mesmo ao meu lado de manhã e ainda lá estava, se o empregado dele ou ele tinham visto o telemóvel, é que tenho lá os contactos todos, é uma maçada (pela segunda vez já não me pareceu uma palavra tão antiquada... medo!), pois não, agora já se foi, pois mas ele ainda toca, e ninguém atende?não.oh então, já foi. interiormente, mandei-o à merda e saiu-me um "obrigado" pela boca fora. Também "defeito" é esta minha mania de acreditar que ainda há pessoas que fazem "a coisa certa". Fui à GNR perguntar se tinham encontrado um telemóvel. Pelos vistos, não foi muito mal pensado, porque tinham de facto encontrado um telemóvel e tinham-no deixado no posto no caso de alguém o reclamar, podia lá ter contactos importantes, afiançou o senhor guarda. Milagre!!! Sim, mas não para mim. Não era o meu. Voltei a casa, revirei TUDO. Desisti.

Depois de jantar e de ter goleado o Arsenal por 7-1, vesti o pijaminha e encontrei o telemóvel.

Ontem quando me deitei, tinha vestido um casaco daqueles confortáveis, que se usam só em casa. Sim, um casaco de fato de treino por cima do pijama, porque não?Esta terra é fria, fdx! Mas, pelos vistos quando, de manhã, desliguei o despertador-telefone, achei simpático haver um bolso extra mesmo ali a jeito para o depositar lá dentro enquanto ia tomar o banhoca. Ainda estou é a pensar na cara com que vou olhar prá mulher do café quando ela me perguntar: então, achou o telemóvel?


Quinta-feira, 24 de Julho de 2008

Ser Macho

"Nesta recôndita localidade onde os autores sobrevivem, existe uma ideia generalizada entre uma grande parte da sua população local masculina, a ideia que esta mesma localidade se situa no Ribatejo. Não adiantando pormenores, até porque os autores prezam muito a sua condição física e o seu bem-estar, podemos afiançar que não é verdade, sendo que a única característica em comum será a que serve de base a este textículo. Essa característica é a veia tauromática inflamada que tais personagens exibem com orgulho, seja em pequenas associações fechadas, quais gentlemen clubs de antanho, seja na forma quase pornográfica com que assistem a corridas de toiros na telvisão ou na forma quase religiosa em que organizam pequenas excursões para assistir às ditas corridas in loco.


Ressalvamos, desde já, que não queremos condenar a prática da tourada. Não o considerando um desporto saudável, também não temos nada contra o facto de, nesta singular manifestação cultural, haver uma besta de 500 kilos armada com um par de cornos que leve com 2 ou 3 estocadas no lombo. É do conhecimento dos autores que existem por aí alguns exemplos taurinos, talvez com menos kilogramas de peso e com maior diâmetro de cornadura, que também as mereceriam. Também não somos hipócritas ao ponto de defender os "direitos" dos "animais".
 

Como diria o Grande Lebowski: "What's this bullshit? I don't fuckin' care!"

 

 
Serve isto para dizer que, aquando de mais uma procissão às Capelas Etílicas cá do burgo, a televisão mostrava uma qualquer corrida de touros. Fomos prontamente avisados que " Assim é que se vê que os cabrões do Norte é que mandam nesta merda toda, até nos touros".

 

Pensavam que era só no futebol? Tomem lá, Valentim Loureiro e Papa!!

 

(Pelos vistos, os defensores dos "animais" tinham interposto uma qualquer bem sucedida medida legal de forma a evitar a transmissão televisiva das corridas da RTP Lisboa e RTP qualquer-coisa-abaixo-do-Douro, tendo esbarrado nos tentáculos taurinos da RTP Norte! Olé!)

 

 

 

E assim sendo, os machos da terra viram desfilar, desde a cornetada inicial, uma série de senhores vestidos com calças justinhas e casaquinhos com muitos debroados e folhinhos e botinha de bcabedal, que espetam ... É impressão minha ou isto parece-se demasiado com um qualquer fetiche homo-sado-zoo-masoquista?
Pior: Os verdadeiros machos da tourada, os forcados, (calcinhas justas, coletezinho e ui, o barretezinho) que, supostamente, encaram o bicho mano-a-touro, têm uma personagem de destaque que é o rabejador... Enough said.
 
E no meio disto tudo, surge Sónia Matias. Um raio de luz e de líbido no meio de tanta paneleirice. O momento de frisson e desconforto entre os velhos "aficionados" foi provocado por um dos jovens taberneiros, novo nestas lides e ainda não ultrapassando todas as fases da tertúlia taurmáquica secreta e que, ao ver a jovem cavaleira solta um sonoro : "TEM É UMA BOA BOCA PRÓ BROCHE". Desconhecendo a apetência oral da menina para a joalharia, aposto que seria concerteza um boa foda. Contudo, apercebi-me que os velhos da afficion não consideraram como séria a hipótese, preferindo dissertar sobre as capacidades de toureio e de matadora da dita cavaleira.  A estes senhores, um conselho: Saiam do armário, não esperem pelo Carnaval para se vestirem de mulheres. Abracem-se quando a lide é bem feita e o ferro bem metido. De uma vez por todas, assumam que a tourada é um espectáculo rabeta..."
 

 

(textículo retirado do insuportável http://pensarhigienico.blogspot.com/)

Oiço: "Bautizá con manzanilla" - Lola Flores

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